Meditação do Rosário - IV

Condições prévias que se requerem para encontrar facilidade na meditação dos Mistérios do Rosário.
 
1 – Podemos reduzi-las às quatro seguintes:
A primeira é uma persuasão firme da necessidade de meditá-los e do interesse em fazê-lo.
 
A segunda é uma persuasão também firme de que as dificuldades podem ser vencidas e de que, à força de hábito, se tornará fácil e deleitável meditar os Mistérios.
 
A terceira é saber fazê-lo. Para que assim seja, devemos, antes de mais, conhecer os Mistérios e depois o modo de os meditar. Para os conhecer não é suficiente aprender, de cor e por ordem, os 20 títulos dos mesmos, a sua distribuição em gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos e os dias em que se costumam rezar. É preciso saber como eles se realizaram, qual o seu significado, a sua importância e como neles Jesus e Maria são os nossos modelos mais perfeitos. Porque muitos não fazem por seu instruírem nesta maneira, perdem, durante a vida, os melhores frutos do Rosário. Saber meditar o Rosário é saber orar, indo a mente e o coração com os Mistérios. É o Rosário uma oração e não um discurso ou um raciocínio. Este é útil enquanto nos leva a descobrir a doutrina e o bem dos Mistérios e move a vontade a amá-los com atos de afeto e propósitos. Nem sempre é preciso discorrer ou refletir. O essencial é pensar afetuosamente no Mistério.
 
A quarta condição é querer e decidir-se a fazê-lo, marcando o lugar e o tempo que convém sejam distintos do lugar e hora de dormir.
 
 
2 – Podemos praticar o seguinte método:
 
A primeira coisa e a essencial, depois de nos recolhermos e pedir ao Senhor a sua graça, é reviver espiritualmente o Mistério, não só enunciando-o com palavras, mas trazendo-o à memória, fixando nele o pensamento e o afeto. Não fazendo assim, é impossível medita e viver os Mistérios do Rosário.
 
Segunda. É conveniente, além disso, fazer uma pausa reflexiva, embora curta, antes de começar a recitação. Bom é que, de vez em quando, se faça uma breve leitura sobre cada Mistério antes de o rezar. 
 
Terceira. Depois comece-se a rezar e a refletir piedosamente, o melhor que se puder, procurando que o afeto ao Mistério acompanhe e informe as orações.
 
Quarta. Para adquirir o hábito de meditar assim com atenção afetuosa, ao princípio e sempre que julguemos oportuno, pode-se dividir cada mistério em tantos pensamentos ou afetos como Ave-Marias. 
 
Quinta. Pode também recorrer-se a alguns dos seguintes meios:
 
1º – Representar na imaginação a cena do Mistério e assistir piedosamente ao seu desenvolvimento, compenetrando-os com Jesus e Maria. Imaginar, por exemplo, Jesus (no 5º mistério doloroso) chegando com a Cruz ao Calvário, como é crucificado, como agoniza diante de sua santíssima Mãe, as palavras que diz, como morre, é sepultado, penetrando amorosamente no coração do Filho e no de Maria.
2º – Recordar e procurar ter presentes os fins do Rosário como já foi explicado.
3º – Praticar no íntimo da alma os atos conformes à natureza do Rosário nos Mistérios e nas orações vocais.
4º – Reviver os sentimentos de Jesus e de Maria neste ou naquele Mistério, identificando-os com eles.
5º – Aplicar a nós mesmos os sentimentos dos Mistérios, unindo os nossos gozos ou alegrias, dores e triunfos aos de Jesus e Maria.
6º – Prestar atenção à virtude que mais sobressai no Mistério ou àquela que melhor se aplica à nossa vida.
7º – Orientar a contemplação do Mistério nas intenções por que aplicamos o Rosário ou o Terço: paz no mundo, propagação da fé, conversão dos pecadores, salvação dos moribundos, almas do Purgatório, etc. etc.
8º – Atender ao significado das orações cujos pensamentos e afectos nos levam a pensar e a amar os Mistérios.
 
Cada um usará do método ou maneira segundo a qual melhor reze e medite o Rosário para dele tirar o maior fruto possível, apesar das distrações que, pouco a pouco, irão desaparecendo e até tornando-se nulas.
 



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